segunda-feira, 15 de março de 2010


Rua da Memória

Gente estava lendo o blog Te pego as 7 e ameii é esse post então resolvii mostrar para vocês . Sei qe é muito grande , mas leiam até o final você não se arrepende .


Essa rua é preta e branca. Os detalhes estão todos borrados; o ar é frio e o sol não aparece. Bem-vindos a rua da memória. Aqui está todo seu passado, seja ele como for você o encontra aqui. Pode tentar mudá-lo, mas não adianta. Essa rua se contorce e volta a ser o que era. Não meu amigo, ela não é feliz. Aqui, tudo passa em câmera lenta, as figuras mal conseguem falar, é tudo uma confusão de vozes... Quem sabe, entre as memórias você acha uma boa? Você avista seus velhos amigos, a cerveja e seu cachorro que morreu... Bobagem, o cachorro morreu, a cerveja acabou, e seus amigos esqueceram de você... Aqui, seu coração se esvazia, sua mente pega fogo, sua espinha congela e você quer ir embora; pode ver e tentar ouvir, mas esqueça amigo, você não pode mudar... Logo adiante, no fim dessa rua, há a travessa da solidão, dê uma passada lá, vendem cigarros, sorvetes e bebidas - você vai precisar... Não adianta, tudo acaba na rua da memória. Se insistir em mudar, acaba na solidão... Eu lutei bastante, mas, quando chego aqui, me perco no passado. Você pode acabar vivendo dele, esquecendo o presente... Cuidado! Esta rua é traiçoeira... Olhe em volta, tudo já acabou... Olhe agora, você está sozinho... Todos os sonhos, a esperança, onde foram parar? O vazio te incomoda, tudo que você não disse e guardou todas as palavras que lhe foram ditas e você não respondeu: hoje te queimam por dentro, te derrubam na cama, te fazem perder a cor e chorar a noite toda. Você se hospeda em uma pousada chamada Desilusão, escuta a chuva que bate contra a janela, olha para a rua deserta onde consegue ver apenas a fraca luz dos postes... Tudo parece morto, se não fosse pelo seu pulsar do coração, julgaria-se morto... Sem nenhuma esperança de melhora, sem nem uma vontade de sair dessa rua... Deita na cama, pega um velho livro empoeirado e corroído pelas traças, você pretende não ver, você pretende se conformar... Deixa que tudo te consuma, você se entrega lentamente à solidão; lembra dos sorrisos amigos, dos abraços grupais, dos filmes, das tardes jogando baralho. Você se lembra de seu avô te ensinando a jogar cartas, da pipoca feita pela sua mãe, do carinho do seu cachorro... Olha em volta e percebe que nada mais é igual. Não existe mais cor no mundo, não existe mais vida, você prefere morrer, prefere fugir: fugir para onde? Repouse a cabeça no travesseiro, tente dormir, quem entra na rua da memória está fadado a morrer aqui. Você não aprendeu a lidar com perdas e mudanças tornará seus sentimentos mais forte que sí. Tornou-se prisioneiro de sua própria tristeza. Tome logo seu sonífero, talvez em seus sonhos, ainda aja cor, ainda aja alegria, se não houver; deixe tudo te consumir, deixe tudo de tomar, deixe tudo te destruir...

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